Já não sinto mais a vida brilhante dentro de mim. Algumas pessoas se agarrariam nas últimas faíscas... eu estou sentado em um trem, minha cabeça apoiada na janela, esperando desaparecer de forma surreal. Onde estão os motivos para continuar? Eu começo a esquecer as coisas. As palavras não cogitam sair pela minha boca, permanecem na minha mente como um amontoado de livros prontos para queimarem. Meus braços apoiados na mesa, enquanto digito qualquer coisa, sinto-os cruzarem, como se alguém puxasse de um lado para o outro. Os olhos mal acompanham a luz. Estou tão cansado. Sinto que minha ampulheta caiu, o tempo se esvai pelos meus dedos, assim como a areia voa por todo o quarto. Lembrando os problemas, os arrependimentos, e mesmo sabendo que preciso limpar a mente, quem poderia me ouvir por tanto tempo? Para mim sempre está chovendo. Eu ando me escondendo dos sons, como se fossem me molhar. Na verdade, eles me perfuram, rasgam a minha alma e eu já não sei mais o que é se...