Eu passei quase a minha vida inteira ouvindo essas frases, e mesmo assim, nunca as realmente conheci.
Sempre vi o futuro como imediato.
O próximo segundo para respirar, o novo dia o qual a dor diminuirá, a próxima semana para recomeçar.
Um futuro tão longe quanto meu próximo corte de cabelo.
Infelizmente, para mim, o espelho é lento demais para contar a verdade, principalmente quando não se olha para si.
Eu sou esquecido.
A minha mente não tem gavetas ou arquivos de memórias para que eu possa revisita-las, senti-las e me emocionar com o que vivi.
Apenas acredito que fiz coisas interessantes, mas não relevantes. Coisas sem movimento, sem vento.
Rimas pobres que ninguém se dará o trabalho de notar, anotar.
Eu estagno fácil. Me debruço sobre o relógio e me hipnotizo com as engrenagens que sustentam a pressa.
Passo a vida assim... e ninguém me acorda.
Eu sou esquecido.
Enfim.
Finalmente chegou o tempo, a compreensão do momento.
A reação, a consequência.
Os caminhos que segui, as oportunidades que perdi.
As formas pelas quais agi, os sons que emiti.
O que permiti, o que escrevi.
Os alimentos que consumi.
Como se uma equação se resolvesse, a sensação é, e nada além, de viver em um futuro que eu mesmo destruí.
Me vejo caminhando em ruínas mentais, revirando lixos em busca de restos de frutos que nunca plantei.
Tentando entender onde foi que errei, percebo que apenas sei que nunca me cultivei.
Agora, apodreci.
Um período da vida em que parecemos batalhar. Vemos uma guerra pela frente e não temos com o que lutar.
Esforço, dedicação, tentativa, sacrifício, empenho e repetições de sinônimos que parecem ser um grande vazio.
Parece ser o que me tornei.
Enfim.
Agora eu entendo. Agora eu conheço.
Toda ação tem uma reação. Toda decisão tem uma consequência.
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