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Mostrando postagens de novembro, 2017

Amem-se

Já não sinto mais a vida brilhante dentro de mim. Algumas pessoas se agarrariam nas últimas faíscas... eu estou sentado em um trem, minha cabeça apoiada na janela, esperando desaparecer de forma surreal. Onde estão os motivos para continuar? Eu começo a esquecer as coisas. As palavras não cogitam sair pela minha boca, permanecem na minha mente como um amontoado de livros prontos para queimarem. Meus braços apoiados na mesa, enquanto digito qualquer coisa, sinto-os cruzarem, como se alguém puxasse de um lado para o outro. Os olhos mal acompanham a luz. Estou tão cansado. Sinto que minha ampulheta caiu, o tempo se esvai pelos meus dedos, assim como a areia voa por todo o quarto. Lembrando os problemas, os arrependimentos, e mesmo sabendo que preciso limpar a mente, quem poderia me ouvir por tanto tempo? Para mim sempre está chovendo. Eu ando me escondendo dos sons, como se fossem me molhar. Na verdade, eles me perfuram, rasgam a minha alma e eu já não sei mais o que é se

SÉRIE: Um segundo, uma viagem. - Respira

Ele nem pensou duas vezes e parou do lado do carro branco. Deu sinal que estava indo à direita. Estacionou com perfeição. Dessa vez tirou o sinto com calma. Olhou no espelho pra arrumar o cabelo. Abriu todos os compartimentos que viu mas nem sabia pelo que estava procurando. Mordeu os lábios. Fingiu para si mesmo que estava pensando. Esperou o momento certo e então abriu a porta com cuidado. Lembrando das cenas de filmes, fez questão de imitar, com um pé de cada vez, delicado porém firme. Nem olhou para trás de primeira. Contemplou o horizonte enquanto girava para fechar a porta. Começou a caminhar vagarosamente e disfarçou de certa forma que se convenceu que não sabia o que fazia. Levantou as sobrancelhas, um leve sorriso de canto e depois aquele aperto nos olhos. Certamente significava que os raciocínios aconteciam nesse instante. Pode compreender tudo o que acontecia com a jovem moça tentando fazer o carro ligar. Ele entendeu que ela t

Um pouco da vida de cada um.

Antigamente eu poetizava as dores e sofrimentos.  Assim como o vento, empurrava a tristeza e deixava sobre a mesa apenas motivos para rir. Não deixava o silêncio surgir, tentava descontrair todos ao meu redor. Com o tempo percebi que me ignoravam, disfarçavam quando eu chamava a atenção. Comecei a entender que deveria mudar ou mudar de amigos, porém eu sentia o perigo da repetição. Eu queria a cada dia achar uma forma de impressionar, mas ninguém fazia questão de me olhar. Eu fui me afastando, esperando que tivessem saudade, que me chamassem para conversar e me escutar. Eu tinha histórias para contar. Em pouco tempo estava sozinho. Gastei muito de mim dedicando-me a todos, esqueci de conversar comigo e dar o prestigio de me abraçar, me entender e me gostar. De tantas árvores bonitas, eu sou uma das folhas esquecidas que já caíram no chão.