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Mostrando postagens de fevereiro, 2017

Ninguém notará

Estou na beira da janela. Enquanto a chuva cai em preto e branco, lembro dos últimos outonos. Um peso nas bordas dos olhos. Eu quase não consigo respirar, desejando simplesmente não poder mais ver. Não consigo acreditar que vivi minha vida através de outra pessoa. As escolhas que fiz a muito tempo, pensava que mudaria todos os rumos. Eu errei e caminhei errado retornando ao vazio. Há um silêncio profundo. Fui deixado para trás quando mais precisava de alguém para segurar meu coração, apenas sou outra folha caída no chão. Não desejo viver mais um dia para ver o tempo me esmagando. Eu estou tão alto. Estou me inclinando. Vou me retirar dessa luta, apenas fecharei meus olhos.

Só mais um círculo

Então você usa a noite para dormir. Parece-me que é obrigado a descansar, para então levantar e repetir.  Eu costumava descansar no jardim dos sonhos. Aproveitava as incríveis maravilhas criadas pela minha mente, habituada a lembrar das palavras e conectar os pontos da maneira que considerasse melhor. Calculava os destinos. Mal compreendia os sons iniciais mas me cercavam de falas intermináveis. Cheirava a grama, as flores. Subia nas árvores e passava horas em fantasia. Me inspirava com a natureza, uma dança encantadora de pureza. Me desligava como uma televisão. Desejava assistir o sol se escondendo em cada planeta. Nunca pensei como alguém poderia querer estar aonde eu estava.  Sentia o brilho. Ouvia a água fluindo. O ar abraçando meus pulmões.  Eu poderia viver para sempre assim. Fazia do meu descanso: o descanso. Então você usa a noite para dormir. Parece-me que é obrigado a descansar, para então levantar e

Escape.

Então acontece um fechar de olhos. A fuga. Uma procura, um desejo. A percepção detalhista, estando acima das esferas e sentindo no ar a mudança. Relembre ontem, a sua mão procurando a minha. Os sentimentos atravessando os corpos. Os sorrisos inegáveis. A lua surgindo. A noite abraçando-nos. A criação da eternidade. As possibilidades. O sol que irá brilhar, a neve que ira derreter. A fluidez do desconhecido percorrendo o universo. Então acontece um abrir de olhos. O retorno. As coisas não mudaram, estagnação. Você pode escolher outro sofrimento, outra dor.  Caindo sem sentir, através de coisas complexas. Estamos nos perdendo em ecos que nem sabemos quem gritou. O choro, a inocência perdida. Os enterros de um caos mental, em crônicas da vida. As memórias colidindo, o tempo sumindo. Círculo, infinito.

Considero, agora

Atormentado. Eu quebrava promessas, eu fantasiava asas douradas e voos sobre os humanos imutáveis. Hipnotizado. Eu me comprometia, estava apto para os senhores tolos. Existia uma variação. Um tipo de caçador desconhecido pelo próprio ser. Caçava por miragens, mergulhava nas ignorâncias e não me importava com o resto das pedras. Posso relatar um vasto caminho que eu nem trilhei, apenas vi nos olhos dos que retornavam. Achava incrível perceber como as pessoas gostavam de errar, eu aprendi com elas mas fazia questão de quebrar minha própria vida apenas para sentir uma dor que mal chegava na minha pele. As ilusões acenando, e novamente promessas de engano. Nós construíamos impérios em cima de cemitérios. Fazíamos milhares de reis, dávamos o trono, dávamos o poder e então fazíamos sofrer. Todos ainda vagam pelo jardim do esquecimento. Desconhe

Fim

A vida é um tipo de miséria. A maioria das pessoas, senão todas, jamais saberão como esse ponto foi atingido. Dizem, também, que a morte nada mais é do que um resumo de tudo. Medo de fechar os olhos e visualizar o indesejável. O inegável temor da insanidade, onde as coisas começam a chegar a um novo patamar. Um ponto sem retorno. Não sei mais para onde olhar. Não consigo acreditar que todos estão esquecendo-se das oportunidades. Alguém além de mim, certamente deveria saber que era possível escapar dessa loucura. Alguém além de mim, acreditou que podíamos nos livrar dessa tristeza. Alguém além de mim, esteve pensando que era o único a compreender. Cada humano começa a se perder. Caem na irrealidade que eles mesmo criaram com suas cabeças curvadas para baixo. Enquanto transitavam e repetiam dia a pós dia os mesmos caminhos, os mesmos destinos. Em mim acabará, então, a esperança de que todos encontrassem se